O Coritiba é Campeão Brasileiro da Série B de 2010 com uma rodada de antecedência. Em uma campanha de superação, tendo que jogar 10 partidas fora de casa, o Coxa coroa uma temporada de sucesso com a conquista do título de forma antecipada
Após cerca de um ano de sofrimento, os torcedores Alviverdes voltaram a sorrir, a cantar e a gritar de alegria com o Coritiba Footbal Club. Esse ano vai ficar mercado nas memórias e nos corações de muitos torcedores de verdade, pois mesmo longe de casa - por causa de um fatídico rebaixamento – mandando os jogos na arena Joinville, o verdão não abaixou a cabeça.
Como guerreiros, só posso chamar assim esse elenco, comandado por um grande general, a equipe voltou para sua casa – Estádio Major Couto Pereira – na quarta colocação no campeonato. Passando algumas rodadas, já encontrava-se no topo da tabela.
Quando o Coritiba apresentou oficialmente o uniforme número 3 da temporada 2010 no jogo de retorno ao majestoso Couto Pereira, contra a Portuguesa/SP, após o cumprimento da maior punição já aplicada a um clube de futebol no Brasil, além de se observar a beleza plástica do conjunto, um detalhe se sobrepos: na gola, às costas, uma expressão bordada - "Alma Guerreira".
Ao ler a expressão, a pulsação acelera, o coração bate mais forte, o sangue circula velozmente pelas veias, vem à mente a obra prima de Carl Orff, a ópera Carmina Burana, tão utilizada como trilha sonora pelo cinema para ênfase dos momentos das grandes vitórias, reações, triunfos e superações.
Um incômodo se estabelece: o por quê de "Alma Guerreira". Bela expressão, mas, qual sua origem, sua relação com o Coritiba? Desconhecida de muitos, mas reconhecida e explicada por aqueles que estudam a história Coxa, os Helênicos, é possível saber e sentir o que exatamente representa.
A "Alma Guerreira" acompanha o Coritiba ao longo de sua história. O espírito de garra, dedicação, persistência, determinação na busca dos objetivos está intimamente ligado às equipes Coxas. Conforme citação no site Helênicos parece não haver coincidência, pois um dos maiores ídolos de toda nossa história, Krüger, significa "Guerreiro" em alemão.
Para que fique mais claro, vamos citar apenas algumas (uma por década) das muitas passagens ao longo da história Alviverde para evidenciar a presença da "Alma Guerreira":
Campeonato Paranaense de 1954 - Partida final, contra o Jacarezinho no interior do Estado. O craque coritibano Miltinho, com febre alta e suspeita de maleita, nega-se a sair de campo, pois naquele tempo não eram permitidas substituições e o Alviverde teria que jogar todo o segundo tempo com 10 atletas. Miltinho joga uma partida excepcional, o Coritiba vence por 3x1 e, ao final do jogo, o craque desmaia. No dia seguinte, em seu leito de repouso, o guerreiro finalmente recebe sua faixa de campeão das mãos de seus colegas. (site Helênicos)
Campeonato Paranaense de 1968 - Partida final, Atletiba. A derrota por 0x1 impede o título Alviverde. No último minuto de partida, o lateral Coxa Branca Nilo cruza a bola na área, que está cheia de atletas de ambas as equipes. A bola vai certeira para Paulo Vecchio, que cabeceia com raiva. Gol do Coritiba. Gol do título. A torcida rubro negra, que até então fazia festa, cala-se imediatamente e a torcida Alviverde explode em felicidade. Coritiba campeão novamente. (site Helênicos)
Campeonato Paranaense de 1977 – Semifinal. Estádio Couto Pereira. O Coritiba não vem bem e apenas uma vitória sobre o Colorado mantém suas esperanças. Wílton marca o gol da vitória no último minuto e faz a torcida Alviverde explodir de felicidade. Coritiba 2x1 Colorado. (site Helênicos)
Campeonato Brasileiro de 1985 - 1ª fase. O Coritiba precisa vencer o Santos para garantir a conquista do segundo turno da 1ª fase e continuar na competição. Com um empate está desclassificado, pois o outro concorrente direto à vaga, o Fluminense, vence o Bahia no Maracanã. A torcida Alviverde não arreda os pés do Couto Pereira e confia no time até o último minuto de jogo, quando o ídolo Lela marca o gol da vitória e classifica o Coritiba para a 2º fase. Para muitos torcedores este é o jogo mais emocionante de toda a campanha que leva o Coritiba à conquista do Campeonato Brasileiro. (site Helênicos)
Campeonato Brasileiro de 1998 – Primeira rodada. Estádio Pinheirão. O Coritiba perde por 2x0 até os 36 minutos do 2º tempo, quando o atacante Macedo recebe um lançamento, entra na grande área e toca a bola na saída do goleiro para marcar o primeiro gol alviverde. E o Coritiba continua insistindo até o último minuto de jogo, quando Sinval, depois de uma cobrança de escanteio, aproveita a confusão dentro da grande área adversária e finaliza com raiva, mandando a bola para o fundo do gol. A torcida Coxa Branca delira quando o atacante sai imitando um porco durante a comemoração. (site Helênicos)
Campeonato Brasileiro de 2007 – 2ª divisão, última rodada. Estádio do Arruda (Recife – PE). O Coritiba garantido na primeira divisão do ano seguinte. Precisando da vitória para garantir o título, o Coritiba saiu na frente no primeiro tempo, com o zagueiro Henrique. Mesmo já rebaixado, no segundo tempo o Santa Cruz se arrisca e consegue o empate após falta em cima do goleiro Edson Bastos. Segue o jogo e a defesa Coxa vacila, o atacante adversário é derrubado e Jeci expulso. Após cobrança de falta, o Coritiba sofre a virada, eram 36 minutos do segundo tempo. A adversidade continuava a insistir. Após sofrer falta, o volante Tulio revida a agressão, e é expulso juntamente com o atleta da equipe pernambucana. Agora, em desvantagem no placar e numérica em campo. Mas, o esquadrão Alviverde não se entrega e o improvável para os céticos acontece. A equipe de Alma Guerreira com Keirrison, aos 43 minutos chega ao empate, e Henrique Dias aos 48 minutos, sacramenta a virada Coxa e o título da Série B em 2007. Final, Coritiba 3x2 Santa Cruz (site Helênicos)
Campeonato Brasileiro de 2010 – 2ª divisão, 34ª rodada, Estádio São Januário (Rio de Janeiro – RJ). O Coritiba depende de uma vitória simples no campo do adversário para consumar seu retorno à elite do futebol brasileiro. Logo a 1 minuto, Léo Gago desfere uma bomba e abre o placar. Aos 20 minutos Enrico marca o segundo. Mas, aos 32 minutos, ainda do primeiro tempo, um susto, gol do adversário. No segundo tempo, o inesperado acontece, e o representante fluminense empata aos 41 minutos. Sem lamentar, sem pensar em desistir, a equipe parte para cima, determinada a vencer. A recompensa vem aos 44 minutos, após jogada fantástica de Tcheco, passando por 3 adversários, passa para Marcos Aurélio, com um toque de classe tira do goleiro e marca o terceiro gol. O Coxa retorna a 1ª divisão. Final, Coritiba 3x2 Duque de Caxias.
Ano de 2010, um ano para ser comemorado e marcado na história do Coritiba. Não pela conquista da 2ª divisão do brasileiro, mas porque a "Alma Guerreira" esteve presente em cada um, jogadores dentro de campo, colaboradores Coxa nos mais diversos setores do clube, torcida no estádio e fora dele, pois as adversidades pareciam intermináveis - estádio interditado, drástica redução orçamentária, jogos fora de Curitiba, queda acentuada no número de sócios, novo grupo gestor, entre tantas – e foram aos poucos sendo vencidas.
A conquista do título paranaense acendeu a luz da esperança. As categorias de base obtiveram destaque no cenário regional e nacional. Lições de gestão eram demonstradas dia a dia pela cúpula diretiva Coxa. A ascensão de divisão pelo profissional.
Agora, a 'cereja do bolo': o título da Série B 2010 - uma conquista marcada por uma obstinação poucas vezes vista no cenário esportivo nacional. Após muito sofrimento e incertezas, a "Alma Guerreira" se fez presente mais uma vez, sendo a grande responsável pela reviravolta na história.
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